segunda-feira, 4 de julho de 2011

Censura privada

Kristinn Hrafnsson: ''Enfrentamos a privatização da censura''

No ano passado, o WikiLeaks foi presença constante na imprensa mundial, revelando informações confidenciais sobre as guerras do Afeganistão e do Iraque, sobre a prisão de Guantánamo e sobre mensagens de serviço diplomático dos Estados Unidos. Neste ano, a vida do WikiLeaks não está fácil.

A Mastercard e a Visa bloquearam as doações ao site desde o fim de 2010. Além disso, o sistema de submissão de documentos ao WikiLeaks está fora do ar, depois de ter sido sabotado por um ex-funcionário. 
"Somos fortes o bastante para resistir a isso, porque a opinião pública está do nosso lado", disse ao Estado Kristinn Hrafnsson, porta-voz do WikiLeaks. Ele acusa os Estados Unidos de estarem promovendo uma "privatização da censura", ao pressionar grandes empresas a agirem contra o WikiLeaks. (...)
Muitos grupos de mídia estão criando suas próprias plataformas e também estamos vendo o surgimento de outros sites guiados pelos mesmos princípios. Um colega meu contou mais de 20, como BalkanLeaks e OpenLeaks. Existem vários. (...) 
Foi espetacular, em outubro do ano passado, quando tivemos a colaboração de nove grupos de mídia, incluindo o WikiLeaks. Estamos falando sobre o New York Times, o Guardian, Der Spiegel na Alemanha, El País na Espanha, Le Monde na França, o Bureau of Investigative Journalism e o Channel 4 no Reino Unido e a Al Jazeera. Foi uma aliança que nunca houve na história. (...) Porque mesmo os grandes grupos de mídia do mundo são pequenos quando comparados às organizações que precisam ser monitoradas e levadas a prestar contas. Se os grupos de mídia trabalharem em conjunto no jornalismo investigativo, conseguiremos um ótimo resultado.
(...)
Não é segredo que o jornalismo investigativo está declinando em todo o mundo, nos últimos dez anos, por falta de recursos e de profissionais. Ao mesmo tempo, os governos têm aumentado o nível de sigilo, principalmente depois do 11 de setembro. As empresas também estão crescendo em tamanho, e em paralelo a isso vemos uma privatização de atividades públicas. Antes, o que era público e aberto está sendo colocado sob domínio do setor privado, que não é guiado pelos mesmos princípios de informação livre e pública. Diante desse cenário, o WikiLeaks é uma ideia que chegou no momento certo. De certa forma, é um reflexo dessa situação.

Pública

Sem comentários:

Enviar um comentário