terça-feira, 13 de dezembro de 2011

O défice provém da dívida (não o contrário)


Dados oficiais demonstram: Estados estão endividados porque emprestaram aos bancos; “austeridade” e ataque a direitos jamais atingirão raiz do problema.
O gráfico ao lado mostra a evolução do déficit público europeu em onze países-chaves, e na média da UE, antes e depois da crise de 2008.

Repare-se nas três barras azuis, relativas a cada país. Elas referem-se ao resultado final dos orçamentos, consideradas todas as despesas — inclusive o pagamento de juros. Observe que, até 2007 (azul grafite) apenas a Grécia registava défice (7% do PIB) acima do autorizado pelos Tratado de Maastrich (3% do PIB, marcados pela linha pontilhada vermelha), que define as políticas monetárias da UE. Todos os demais países respeitavam os limites. Quatro dos onze – Alemanha, Finlândia, Holanda e… Espanha! — chegavam a obter superávites.

Veja o que acontece após a crise, na qual os Estados transferiram biliões de euros para os bancos e demais instituições financeiras. Subitamente, o que eram défices moderados ou mesmo superávites transformam-se em défices profundos.

Não houve, nesse período, nenhuma nova política de ampliação de direitos sociais ou garantia de qualidade dos serviços públicos: ao contrário. Mas, em 2008 (azul turquesa), todos os doze países registram défices; nove estão acima do limite de Maastrich. Já em 2011 (azul escuro), todos os países terão défices além da linha de 3%. A única excepção é a Finlândia — salva por pouco, mas também deficitária…

Ao cobrarem sacrifícios das sociedades agora, governos, média e poder económico não querem eliminar a dívida. Pretendem, ao contrário, assegurar que ela continue rendendo juros, cada vez mais altos. Para enfrentar o endividamento, há, como a História e os gráficos mostram, outras soluções.
Excertos adaptados de «Europa em crise (VI): gráficos de uma hipocrisia»,
publicado por António Martins, em 11 de Dezembro de 2011
(o gráfico provém revista Economist).

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