Sol, 30 de Março, 2012
Para se certificarem que as suas reivindicações seriam ouvidas, cerca de 150 funcionários das lojas da cadeia FNAC, em Paris, resolveram 'sequestrar' o seu chefe. Bruno Ferrec, director de nove lojas localizadas na capital francesa, esteve na quinta-feira reunido durante quase sete horas com os funcionários, que exigiram aumentos salariais e protestaram contra a «deterioração das condições de trabalho».
Alguns trabalhadores de lojas parisienses da FNAC, uma cadeia francesa que opera internacionalmente na venda de produtos culturais e electrónicos, obrigaram um dos directores da empresa a reunir-se com os seus empregados num hotel da capital francesa.
Uma vez reunidos, os funcionários exigiram um aumento para 1700 euros do salário inicial de entrada, atribuído no momento em que um trabalhador começa a colaborar com a FNAC, e que se situa actualmente nos 1414 euros.
Os ‘protestos’ centraram-se igualmente no que o Le Monde classificou de «deterioração das condições de trabalho», ao revelar as queixas de Stéphane Renaud, um dos trabalhadores presentes na reunião.
«Além da polivalência e da policompetência, agora falam-nos na poliactividade», ao explicar que, devido à redução do número de empregados, surgem casos como o dos livreiros, «que hoje são obrigados a saber tudo e a aprender sobre mais de 110 mil referências».
Em resposta às reivindicações, Bruno Ferrec propôs apenas um aumento mensal de 15 euros nos salários inferiores a 1500 euros. Em 2011, a FNAC registou uma redução de 3,2% nos seus números de vendas no país e, em Janeiro, anunciou um plano para economizar custos na ordem dos 80 milhões de euros, que incluirá a supressão de 310 postos de trabalho.
Exemplo que não é novo
Em França, este tipo de episódios, em que trabalhadores recorrem a medidas drásticas para se fazerem ouvir pelo patronato, não são inéditos.
Em Março de 2010, os funcionários da Sullair Europa, uma empresa especializada no fabrico de sistemas de compressores de ar, mantiveram o seu director-executivo preso durante quase 40 horas, enquanto exigiam indemnizações a rondar os 50 mil euros por trabalhador, devido a «danos morais».
No mesmo mês do ano anterior, em 2009, os empregados de uma fábrica da Sony, situada em Landes, retiveram o seu CEO nas instalações durante 24 horas. Duas semanas volvidas, a empresa anunciava que ia conceder 13 milhões de euros em benefícios para os seus trabalhadores.
SOL
Sem comentários:
Enviar um comentário