sábado, 23 de abril de 2011

Da promiscuidade público-privado

Mário Soares ao jornal I:

«Defende que os políticos nem sequer deviam exercer advocacia?

É isso mesmo. Porque os advogados defendem interesses privados e os políticos interesses públicos. A confusão entre as duas coisas dá geralmente mau resultado.

Mas nem PS nem PSD conseguem impor isso.

Não conseguiram até hoje. Mas deviam fazê-lo. Agora, em tempo de crise, era uma boa altura, porque quem quer ganhar dinheiro a sério não deve ir para a política. Na política perde-se normalmente dinheiro, não se ganha. Foi o que sempre me aconteceu a mim.

Jorge Coelho na Mota-Engil, Pina Moura e Vitorino...

Não cito nomes nem me permito julgar ninguém. Limito-me a dizer que a política é uma coisa e os negócios são outra, e que não é salutar que haja confusão.»

Transcrição ipsis verbis do video (sem “edição” de texto, portanto):

«Os socialistas passaram a ser muitos socialistas neo-liberais, do estilo Blair, que foi uma desgraça que aconteceu à Inglaterra e ao mundo. Não é um político, é um negocista. E eu acho, sempre achei e continuo a achar que uma das coisas importantes na política é que os políticos são políticos e não fazem negócios, e os empresários são empresários e não fazem política. Porque se misturam as duas coisas tudo vai mal. Um advogado defende interesses privados. Um político defende os interesses das pessoas todas no seu conjunto, não de pessoas individuais. Defende os interesses do estado em primeiro lugar, da democracia depois e por aí fora. Quando se fazem as duas coisas, dá sempre asneira. Sempre.»

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