quinta-feira, 14 de junho de 2012

Os novos campos de "detenção"


Illegal Immigrants Become Hot Election Topic in... por IBTimesTV (27 Abril 2012)

Na semana anterior às eleições legislativas de 6 de Maio passado, o governo grego dito "socialista" (PASOK) inaugurou 30 campos de detenção para imigrantes, 3 em cada província grega, com capacidade total para 30 mil pessoas. Apesar de protestos e da condenação do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos em relação a alguns desses campos e às práticas seguidas na detenção de crianças, exilados políticos e outros.

A pretexto que serem a maior fronteira de entrada de imigrantes ilegais na Europa (100 mil imigrantes detidos em 2011), a polícia faz rusgas arbitrárias e instala-se na sociedade grega um racismo patente - arrastado pela crise e pelo desemprego generalizado - e estimulado pelas retaliações neo-nazis sobre pessoas de pele escura, acusadas de prostituição, tráfego de drogas e doenças.

Mais: a detenção de imigrantes é apresentada como solução para a crise. Esquece-se que as doenças existem quando há miséria e pessoas que vivem do lixo (não por opção); que há doenças quando não há cuidados médicos nem medicamentos nos hospitais, como acontece acualmente na Grécia; esquece-se que a prostituição não é ilegal; e que o tráfico de drogas existe - com o beneplácito das autoridades mundiais que protegem os tubarões - explorando a necessidade dos correios de droga.

Esquece-se que os imigrantes também trabalham e pagam contribuições e impostos. Esquecem-se todos as campanhas anti-racistas das últimas décadas. Esquece-se que nenhum ser humano é ilegal. Estas pessoas são consideradas LIXO, como alerta a Comissão Grega para os Refugiados.

No entanto, a ameaça destes campos de concentração não tem tido suficiente atenção (nem mesmo na Grécia); talvez seja dificil distinguir - na confusão que reina - o que é pior: se existirem as vítimas ou existirem os algozes.

Mas a "Europa", sim, está desejando fechar as fronteiras da Grécia, e para isso, à margem do parlamento europeu, quer permitir a qualquer país europeu a suspensão unilateral do acordo de Shengen. É mais uma chantagem que impende sobre os gregos, na perspectiva (provável) do novo governo dirigido pelo Syriza vir a suspender o memorando da Troika, ou seja, o saque da Grécia pelos bancos.

Todos estes sinais são altamente preocupantes e sem rodeios fazem lembrar Auschwitz e quejandos. Se o Syriza ganhar podemos esperar que a situação seja completamente alterada. Se não, teme-se que o fenómeno cresça e atinja proporções incontroláveis. Significativo é o facto de a campanha eleitoral se ter desviado do tópico "economia" para o da "segurança". Os neo-nazis - cujas milícias vêm assassinando diariamente pessoas no metro de Atenas - exigem a expulsão de imigrantes e suas crianças dos hospitais. Ainda ontem Samaras, o líder do partido Nova Democracia, prometeu um programa de combate à "imigração ilegal e ao crime".

E o que dizem os jornais portugueses sobre a Grécia? Só falam de dinheiro (e de futebol, pois), o resto não existe. Veja-se por exemplo: o Público. Como podem ignorar e manter os leitores na ignorância de acontecimentos tão decisivos? Ah sim, já esquecia, o Público obedece ao lápis azul do senhor Relvas (a jornalista mal comportada demitiu-se há dias...)

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